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E parece que Deus continua irado...


Ronaldo
Baobás

Em 1741, Jonathan Edwards pregou, numa pequena cidade de Connecticut, um dos mais famosos sermões da história: “Pecadores nas mãos de um Deus irado”. Neste sermão, Edwards apresentou Deus como um Justo Juiz indignado em face da rebelião dos homens contra o seu amor. Enquanto ele pregava pessoas gritavam, choravam e clamavam por arrependimento. Teve de esperar a congregação se acalmar para terminar o seu sermão.


Naqueles dias esse tipo de mensagem enchia as igrejas de homens arrependidos buscando por salvação. Dois séculos depois, em 1934, o teólogo americano Richard Niebuhr resumiu assim a mensagem da igreja de seu tempo, já influenciada pelo “liberalismo teológico” que florescia na América: “Um Deus sem ira que introduz homens sem pecado a um reino sem julgamento, mediante um Cristo sem cruz”.


Isso lhe soa familiar, hoje? Um cristianismo sem pecado... Sem Julgamento... Sem Cruz. E um Deus que foi “melhorado” de sua severidade, e agora Ele é só bondade...


Preocupada em parecer relevante aos olhos do mundo, e agradar a cultura à sua volta, a igreja tem submetido sua fé às demandas do seu tempo. Existe muita gente desejando uma igreja ‘amigável’ à agenda do mundo.


O tema “pecado”, por exemplo, era comum no passado. A igreja tratava dele sem medo. Lutero não se sentiu constrangido em afirmar: “Não tenho outro nome senão o de pecador. Pecador é o meu nome, pecador meu sobrenome”. Hoje é um tema abolido dos púlpitos. Ofende as pessoas e afeta as contribuições... Então, não falamos de pecado, mas de desvios, de desajustes, de inadequação, de hormônios alterados...


Hoje ninguém mais se vê como pecador rebelado contra Deus, mas como ‘vítima’ de alguma coisa. Então, se a pessoa não é pecadora, mas simplesmente está ‘desajustada’, ela não precisa de arrependimento, nem de Salvador, ou de um Deus que a perdoe. Bem diferente do rei Davi: “O meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51.3).


Alguém disse que “o pecador não é um coitado, mas um rebelde de armas nas mãos contra Deus”. E o teólogo e pastor alemão Dietrich Bonhoeffer falou acerca da “Graça barata”. Disse ele:


“Graça barata significa perdão dos pecados como verdade geral, e basta responder com um sim a Deus e já tem o perdão... A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento... Permaneço, por isso, na minha existência de cidadania mundana; tudo fica como dantes, e posso viver na certeza de que a graça de Deus me encobre...” (No livro “Discipulado”, Ed.Sinodal).


Sem dúvida, o amor faz parte da essência divina. Mas, esse amor, não implica em olhar com satisfação meus vícios ou meus erros... Deus nunca permanece indiferente ao mal, e agrada a Ele trabalhar com esse material “torto” que sou eu.


Vivemos num país que precisa urgentemente de reforma social, reforma política, reforma educacional... Tudo isso, com certeza, ajudará a produzir mudanças na vida de nosso povo. Mas que ninguém se engane: a natureza humana decaída e pecadora só pode ser transformada por uma obra sobrenatural do Espírito.


“Quem crê no Filho tem a vida eterna: o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36). Esta é uma mensagem que jamais deveria faltar em nossos púlpitos.


Minhas constatações finais: A pregação de Jonathan Edwards permanece atual. E eu acho que Deus continua irado. Daniel Rocha Pastor na IM Central em Santo André

#colunistas #Daniel

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