BALEIA AZUL, DIGA NÃO!
Baleia Azul. Na minha época escolar o conheci como o maior mamífero da Terra e um dos maiores mamíferos que já existiu. Mas hoje é diferente. Todos e todas temos ouvido a respeito deste termo que tem assombrado muitos pais e mães e tem sido motivo de muita curiosidade entre nossa juventude.
Para quem não sabe, Baleia Azul ou Blue Whale é um jogo que consiste em que a pessoa que participa dele, normalmente um adolescente ou jovem, deve cumprir cinquenta desafios, ditados por um curador, uma pessoa que fica “atrás da tela” e passa a ditar as regras e passos que devem ser tomados no jogo.
E os desafios não são fáceis de serem cumpridos, pois envolvem automutilação, enfrentar o maior medo que a pessoa tenha, subir na beira de telhados, o mais alto possível, “tatuar” seu corpo com uma faca ou outro instrumento cortante, furar as mãos com agulhas, fazer algo radical quando estiver pendurado em um telhado, ficar um dia todo sem falar com alguém, até que na missão de número cinquenta o Baleia Azul deve se suicidar, ou seja, tirar a própria vida.
Uma pergunta que fica é: como alguém pode chegar a este ponto? Existem muitas falas a este respeito, mas em uma pesquisa que fiz, a versão que me pareceu mais provável é que o próprio jogador é ameaçado de morte ou ainda familiares próximos seus (pai, mãe, irmãos, etc.), o que transforma o jogo em um círculo vicioso, onde o jogador fica encurralado, pois recebe do curador ou de outras “baleias azuis”, inclusive seu endereço residencial. (Vide texto abaixo)
Outra pergunta que eu confesso incomodou muito o meu coração é: Porque alguém entra em um jogo desse, onde se automutila, enfrenta riscos e por fim sabe que vai ter de se matar?
Penso que a resposta é bastante complexa, mas vale a pena investirmos um pouco de nosso tempo tentando encontrar algumas pistas.
Em minhas buscas, encontrei um depoimento de uma menina que em sua fala afirmou que iniciou o jogo porque buscava ”parar a tristeza”, buscava preencher um vazio existente por dentro e por fora e como resposta a uma dor que sentia.
Ao ver isso fiquei angustiado. Primeiro como pai de uma adolescente e depois como pastor, que ama trabalhar com juventude. Tentei dialogar em casa sobre o assunto e percebi que minha outra filha, de 09 anos, também estava informada sobre isso. Portanto, concluo que o problema não é falta de informação, mas sim muito mais profundo do que possamos enxergar.
Tristeza, dor, vazio, na realidade são sintomas de depressão e percebo que hoje temos uma juventude mais triste do que anos atrás. Nossa tendência em um primeiro momento é negar o que está acontecendo ao nosso redor, buscando esconder o problema, principalmente quando esta pessoa é um filho ou uma filha. Afinal reconhecer esse problema pode significar para muitos a sensação de assumir uma falha cometida como pais ou ainda que o nosso filho ou filha não é “normal”.
Na realidade a depressão não é só isso, melhor dizendo, é muito mais do que isso, pois em muitos casos a depressão pode ser simplesmente física, como por exemplo uma falha na produção de hormônios em nosso organismo.

COMO LIDAR COM A TRISTEZA E A SENSAÇÃO DE VAZIO
Hoje em dia muitos adolescentes não sabem lidar com a frustração ou com a incapacidade que todos nós possuímos e muitos se revoltam, outros entram em uma crise de tristeza profunda e quando não percebido a tempo, pode ser tarde demais.
E não estou falando em alguém, mas sim na própria pessoa que enfrenta tal situação, que precisa de ajuda e que muitas vezes não busca por vergonha ou “orgulho” ou ainda medo de expor os seus sentimentos.
É impressionante os números de suicídios no Brasil. Chegamos a ser o 8º país do mundo em número de suicídios e entre 2000 e 2012 houve um aumento da taxa de suicídios entre os adolescentes na razão de 30%.
Estes números nos levam a pensar. O problema não é simplesmente o jogo Baleia Azul, que nada mais é do que uma ferramenta potencializadora dos suicídios que ocorreriam ou cujo desejo se encontra no íntimo de um adolescente.
Suicídio, eu tenho a impressão, é uma atitude libertadora de uma tristeza, vazio e dor incontrolável e não simplesmente um ato de tirar a vida.
Como igreja, devemos olhar este problema de frente, conhecermos nossos adolescentes e jovens, perceber que alguns ou muitos deles tem lidado com essa tristeza sem fim, essa dor, esse vazio. Tentarmos ajudar de alguma forma, mas sem julgamento, sem tentar encontrar os porquês, os erros do adolescente, mas sim estar ao lado, tentar encontrar juntos um caminho para sair desta situação, desta tristeza, deste vazio, desta dor, alguém disposto a pagar o preço de ser um/a discípulo/a de Jesus, para ajudar a carregar a cruz, o fardo, que em muitos casos é insuportável.
Depois, pastor e pastora gostaria de sugerir, ou mesmo desafiar que criemos um canal em cada uma de nossas igrejas para nos tornarmos uma comunidade de cuidado, especificamente à nossa juventude.
Na sede, estamos colocando o e-mail no.depre@3remetodista.org.br onde você encontrará um canal de ajuda e se for o caso, possíveis encaminhamentos.
Agora você jovem ou adolescente não precisa enfrentar isso sozinho/a, tem gente disposta a ajudar. Procure seu pastor ou sua pastora, seus conselheiros de juvenis, algum adulto em quem você confie, não outro jovem ou adolescente, pois muitas vezes ele ou ela também está enfrentando o mesmo problema que você.
Busque também uma ajuda especializada, psicólogos, psiquiatras, não é vergonha! É a solução para o seu problema e não caminhe para o suicídio, pois ele não vai libertar a sua vida, pelo contrário, o suicídio vai acabar com a sua vida.
Deus tem um plano melhor para as nossas vidas e Jesus Cristo já levou sobre si nossas dores e pode levar sua dor também. Pode acreditar eu sei como é! Também enfrentei um princípio de depressão e com a ajuda médica e com a ação do Senhor consegui vencer.
Só assim, conseguiremos dar um basta ao jogo Baleia Azul e ao suicídio de adolescentes e jovens, não só nas igrejas, como também em nosso país.

COMO EVITAR SER LOCALIZADO PELO CURADOR
Por Alexander Libonatto Fernandez
TI da Sede Regional da Igreja Metodista na 3ªRE
Existem 2 fatores que ajudam aos criminosos do jogo “Baleia Azul” a extorsão de parentes, familiares e amigos:
Considerando que 70% dos jovens e adolescentes utilizam dispositivos móveis (celulares ou tablets) para acessar ao link do jogo, possibilita a localização direta através do IP ou Geotag uma vez que todo dispositivo móvel possui conexão para GPS (satélite). Qualquer APP que esteja rodando no dispositivo que em sua troca de dados, solicita a localização, ele fornecerá, seja um navegador ou até mesmo um APP com outra finalidade. Vale lembrar que hoje, muitos APP´s compartilham desse recurso, entre eles o Waze, Ifood, Facebook e principalmente o UBER. Nos computadores, os navegadores podem fazer o mesmo papel através de seus aplicativos como é o caso do Google, seja ele através do MAPS ou pelo próprio Chrome para acessar um site específico ou até mesmo o Facebook. Quando o acesso é feito, ocorre uma “troca de informações”, o usuário não vê, mas para receber dados que deseja, também envia dados que não vê e até mesmo desconhece.
Outro agravante é o fato de que nossa juventude compartilha em suas redes sociais praticamente TUDO. Com isso, qualquer pessoa com um nível técnico mais aprimorado, tempo e disponibilidade para investigar e seguir rastros, consegue determinar através dessas informações, rotinas, pessoas próximas e em alguns casos, para os mais descuidados e imprudentes, informações íntimas.
Tecnicamente, para evitar problemas, devemos tomar cuidado com o que acessamos na rede. Todo serviço ou atrativo “Gratuito”, tem seu preço. É preciso ter cuidado com a autenticidade e segurança do que se acessa na Rede.
As autoridades têm condições e recursos para chegar a estes criminosos utilizando as mesmas ferramentas de uma forma “reversa”, ou seja, remontando o processo de trás para frente.
Renato Saidel Coelho
Pastor na IM em Água Fria e Assessor Episcopal 3ªRE