Crianças e o dinheiro • Parte 1

“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração,e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração,porque a sua boca fala do que está cheio o coração.”
Lucas 6:45
O texto de hoje é para os pais, responsáveis ou interessados em melhor orientar crianças com relação ao dinheiro.
Não é possível dar algo que você não tem, e o texto citado no início confirma isso. Sabemos que crianças naturalmente imitam seus pais ou responsáveis, INCLUSIVE na forma como estes lidam com suas finanças pessoais. Crianças aprendem a ser responsáveis ou irresponsáveis com seu dinheiro, em grande parte ao observarem o comportamento de seus pais no dia a dia.
No entanto, isso não deve ser motivo de peso ou tristeza caso suas finanças estejam uma bagunça, mas sim, de incentivo para que você passe a lidar melhor com seu dinheiro, para que consiga ensinar na prática e pelo exemplo as crianças sob sua responsabilidade!
Toda criança deve aprender 4 coisas simples, relacionadas à vida financeira:
1. Saber de onde vem o dinheiro. A criança deve saber que o dinheiro não vem dos pais ou responsáveis, mas sim do trabalho que estes desenvolvem, e que o dinheiro é recebido em troca de alguma atividade, algum esforço e dedicação realizados.
2. Saber gastar, uma vez que crianças estão expostas a situações de consumo o tempo todo. Crianças devem entender que consumir é um processo de escolhas com consequências.
3. Aprender a poupar desde cedo, para que os pais possam trabalhar na criança 2 comportamentos preocupantes: o apego exagerado e o descaso com o dinheiro. Poupar deve ser um prazer complementar ao de adquirir algo.
4. Aprender a doar, pois estimula a generosidade e atenção aos outros.
Não existe idade exata para começar a ensinar questões financeiras aos filhos, mas geralmente é na fase dos 2 anos e meio que as crianças costumam começar a pedir para que seus pais comprem coisas que querem. E deste momento em diante, os pais e/ou responsáveis precisam ter uma consciência muito grande para que não se confunda CONSUMO e AMOR.
Na intenção de “retribuir” o amor puro e gratuito que vem da criança, muitos adultos cedem, comprando tudo ou muita coisa que a criança pede. Alguns pais ainda costumam comentar com seus filhos que, se pudessem, dariam TUDO a eles, sendo que o papel dos pais ou responsáveis também inclui o “NÃO dar” e o “não atender” a todos os pedidos.
A negativa de pedidos ensina MUITO à criança, pois trabalha o freio para o consumo, ensinando os pequenos a compreenderem que não podem ter tudo na vida, ensinando-os fazer escolhas, a sobreviver às frustrações e a se planejarem ao longo do tempo. Os pais ou responsáveis devem ter muita clareza e tranquilidade para dizerem NÃO sempre que julgarem que o consumo é inadequado, impróprio ou excessivo.
Tais ensinamentos são importantes não somente quando a renda da família é baixa, mas também quando está estável ou até crescendo. Em qualquer momento, é importante ensinar a respeito do que é um orçamento/planejamento, falar sobre as prioridades financeiras da família, ensinar a poupar, e tantos ensinamentos importantes.
Dando um exemplo prático, faço uma pergunta simples: você faz lista de compras ao ir para o supermercado com seus filhos?

Segundo pesquisas, apenas 20% das pessoas utilizam listas, e 37% dos que entram no supermercado gastam 20% mais do que o pretendido. O pais podem utilizar essa simples e recorrente tarefa para ensinar seus filhos a importância do planejamento.
Listas são estratégia para educar, e evitar que seu filho esperneie no meio do supermercado. A lista passa a servir de guia, ajudando a controlar os desejos. Antes de ir ao mercado, você pode ocupar a criança, para que este confira o que falta em casa (inicialmente poucos itens, os mais fáceis, como shampoo, sabonete, papel higiênico, etc), e também dando à criança o direito de colocar na lista, por exemplo, 2 produtos que gosta.
Já no supermercado, a criança passa a ser responsável por ajudar a comprar os itens que ele identificou que faltam em casa. Se ela viu que faltava shampoo, por exemplo, você pode aproveitar a situação para ensina-la como você escolhe o shampoo, se é pelo preço, qualidade ou quantidade, por exemplo. Além, claro, de permitir que as crianças peguem os 2 itens que previamente colocaram na lista de compras!
Esse simples exercício ajuda crianças a criarem responsabilidades, tendo uma rica oportunidade de aprender sobre preço, quantidade, planejamento, etc.
Na próxima semana continuarei falando a respeito de finanças para crianças!
Grande abraço e que Deus nos abençoe!
Ronaldo Bella Sócio da Allux Investimentos Membro na Catedral Metodista de São Paulo