Crianças e o dinheiro • Parte 2

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e,ainda quando for velho, não se desviará dele.”
Provérbios 22.6
Hoje pretendo falar um pouco sobre uma prática relativamente comum por parte dos pais e responsáveis por crianças: o ato de dar algum dinheiro a estes periodicamente, ato este comumente chamado de “mesada”.
A decisão de dar um dinheiro ao filho deve estar de acordo com as condições financeiras da família, e com a própria capacidade da criança em lidar com o dinheiro.
A partir do momento que os pais ou responsáveis decidirem começar a dar mesada a seus filhos, é importante que informem a criança a razão dela estar recebendo aquele dinheiro, que é para que possa ir aprendendo a lidar com o dinheiro desde jovem, para que consiga lidar melhor com ele quando for adulto. A mesada confere à criança uma responsabilidade, a criança deve saber que existe um propósito para essa prática.
Estipule um dia específico para o recebimento da mesada, senão, ao invés de ajudar na educação financeira de seu filho, você acabará atrapalhando, pois quando não se sabe QUANTO receberá ou QUANDO vai receber um dinheiro, não é possível se organizar!
Não necessariamente a mesada deve ser dada “mensalmente”. Para crianças menores, pode ser mais interessante uma “semanada”, já que para uma criança pequena, um mês é uma eternidade. Depois de um tempo a “semanada” pode se transformar uma “quinzenada”, até chegar na “mesada”. Sempre, claro, avisando os filhos quando a periodicidade for mudar.
O valor da mesada não deve ser tão pouco que a criança não consiga se organizar, e nem tanto que ela não precise se organizar. Para saber o valor, os pais ou responsáveis podem conversar com a criança para entender a rotina e necessidade dela, de forma que saibam quais gastos a mesada deve cobrir. E é desse acerto que sairá o valor da mesada, que DEVE servir também para que a criança consiga começar uma pequena poupança.

As crianças, principalmente as menores, são muito VISUAIS e possuem dificuldade de lidar com o dinheiro “virtual” (cartões de débito, cartões de crédito, cheques, pagamento online, etc). Dessa forma, o ideal é que os pais deem a mesada em dinheiro FÍSICO, de preferência notas e moedas bem trocadas, de menor valor.
Além disso, pode ser muito interessante a utilização de “caixinhas” ou outros compartimentos para facilitar a organização das crianças. Podem ser utilizadas, por exemplo, 3 caixinhas:
• Uma caixinha de curto prazo, para as necessidades imediatas, a serem utilizadas até o recebimento da próxima mesada;
• Uma caixinha para poupança, para compras de itens de maior valor, que não podem ser comprados apenas com o valor de uma mesada. Particularmente, recomendo destinar para esta caixinha o equivalente a pelo menos 20% do que a criança recebe;
• Uma caixinha para doação, utilizada para que eles entendam que parte de tudo o que recebem deve ser destinado às ofertas, aos dízimos e em auxílio às pessoas ou instituições que precisam. Particularmente, recomendo destinar para esta caixinha pelo menos 10% do que a criança recebe.
Caso a caixinha de curto prazo se esgote, os pais devem conversar com a criança para entender o que houve, de preferência, não caindo na tentação de continuamente darem mais dinheiro antes do prazo, mas ensinando que para toda decisão de consumo, existe uma consequência. Se os pais continuamente dão dinheiro antes do prazo para seus filhos, estes não aprendem a dar valor às suas decisões financeiras, e no futuro, ao invés de recorrerem aos pais, podem recorrer aos bancos, cartões, empréstimos, financiamentos, e toda gama de alternativas ruins.
Como a criança não tem obrigações financeiras, é o momento IDEAL para ensina-la a não viver utilizando 100% do que recebe. Será de uma valia imensurável se a criança levar para sua vida adulta a prática de gastar para suas necessidades do mês até no máximo 70% de suas receitas, destinando pelo menos 10% para doação/dízimos/ofertas e pelo menos 20% para seus projetos e sonhos de longo prazo, incluindo sua aposentadoria.
Os pais podem incentivar as crianças a pouparem, oferecendo um “incentivo” para todo valor poupado. Por exemplo, a cada valor colocado na caixinha da poupança, os pais podem acrescentar um valor adicional, para que a criança entenda que existe um grande benefício no ato de poupar e entenda aos poucos o funcionamento dos juros.
É importante ajudar as crianças a estipularem objetivos para a caixinha da poupança. Inicialmente, pode ser algo que rapidamente ela conseguirá comprar, como um sorvete, um brinquedo, uma comida que ela goste, até que com o passar do tempo consiga poupar para itens de maior valor e que demandarão mais tempo e dedicação, como jogos, videogames, bicicleta ou outros itens que a criança deseje. Dessa forma, a criança passa a ter compreensão de que consegue juntar e atingir objetivos!
Igualmente, os pais podem trabalhar com os filhos a respeito da caixinha da doação, ensinando-os a ofertar, dizimar e abençoar quem tem necessidade. No momento das ofertas no culto, por exemplo, é comum os pais darem um dinheiro naquela hora para seus filhos, para que estes levem ao altar. Ao invés disso, porque não trabalhar previamente com a criança, para que ela retire da sua própria mesada o valor de dízimo e oferta?
Caso tenha dúvidas, escreva nos comentários, para que eu possa trabalhar suas questões em próximos textos!
Grande abraço e que Deus nos abençoe!
Ronaldo Bella Sócio da Allux Investimentos Membro na Catedral Metodista de São Paulo