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Cristãos Acostumados


Ronaldo
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A gente se acostuma fácil com situações que poderiam ser mudadas, mas porque nos acostumamos, não fazemos nada, e deixamos tudo como está.

Acostumamos a enfrentar filas, a comer mal, a dormir mal... Com o tempo a gente se acostuma a dizer sempre as mesmas coisas, a ser sempre do mesmo jeito, e até mesmo apresentar com orgulho os defeitos, para logo justificar-se: "Eu sou assim mesmo"...

Alguns se acostumam a ir à igreja só porque é domingo. Não há expectativa, preparo, ou espera ansiosa... simplesmente se acostumou. A maioria dos cristãos, entretanto, se acostumou a "não ir" à igreja. Sempre surge um compromisso, uma festa, um passeio, uma visita, um belo dia de sol, uma chuva repentina, ou uma dor qualquer...

A gente se acostuma a permanecer impassível diante das injustiças, afinal "o mundo é injusto mesmo".... E já não temos espanto ou indignação com a prostituição infantil, com assassinatos de homossexuais, com presos degolados... E continuamos a viver como se fosse normal tudo o que acontece.

Acostumamos até com o pecado em nossa vida. Talvez, no início ele incomodasse, trouxesse certo pesar... Mas agora não: ele se tornou parte de nós.

A gente se acostuma em observar os defeitos do outro, e criticar o que está errado, que logo já não sabemos mais elogiar ou cumprimentar pelas coisas boas, pelo sucesso obtido ou vitórias alcançadas.

A gente se acostuma com nossos resmungos e murmurações, em responder rispidamente, e logo o "normal" é falar assim.

A gente se acostuma com as máscaras usadas durante a vida para encobrir nossos defeitos, vícios ou imperfeições. E quando decidimos tirá-las estão tão apegadas ao rosto que já não sabemos mais qual é o nosso verdadeiro eu.

Acostumamos tanto com as estrelas no firmamento, que se um céu estrelado aparecesse apenas uma vez a cada século seria o maior de todos os espetáculos. E quando as maravilhas da natureza já não nos surpreendem, logo já não somos capazes de ver beleza em mais nada.

Acostumamos até com a Presença do Eterno, aquela que Isaías temeu por sua vida – “Ai de mim, estou perdido” (Is 6.5), Daniel perdeu as forças, o rosto empalideceu (Dn 10.8), Ezequiel caiu com rosto em terra (Ez 1.28)... Mas nós a banalizamos tanto, que nem sempre usamos de reverência, nem de temor, e nos precipitamos a falar e pedir, e às vezes até ordenamos o que o Senhor deve fazer...

Jesus nos ensinou uma profunda e bela oração, o “Pai Nosso”, mas acostumamo-nos em repeti-lo, que já não pensamos mais em cada palavra proferida. Agora ele sai da nossa boca ligeiro como uma "reza".

No fundo, somos crentes acostumados. Mas não devia.


(Inspirado pelo texto de Marina Colassanti: “Eu sei, mas não devia”)

Daniel Rocha Pastor na IM Central em Santo André

#colunistas #Daniel #Cristão #Acostumado

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