NAÇÃO EM FRANGALHOS
Viajando pelas estradas de nosso país é comum adentrar em cidades e se deparar com o seguinte aviso em grandes letras: “Esta cidade é do Senhor Jesus”. Santo André, onde eu vivo, não é, mas Mauá, o município vizinho é, pois há uma grande placa anunciando. Talvez eu devesse mudar-me pra lá...
Bandas e pregadores famosos, em suas excursões, gostam de declarar que aquela cidade onde estão pertence a Jesus. Imagino que nos últimos anos, a capital federal também já abrigou centenas de eventos proclamando que “Brasília é do Senhor Jesus”.
Mas, obviamente trata-se de ‘slogans’ vazios, sem verdade espiritual alguma. Paulo pregou no Areópago ateniense, mas nunca afirmou que Atenas era do Senhor Jesus, nem Éfeso, nem Corinto... Ele era mais modesto: se esforçava em tudo para “salvar alguns” (1Co 9.22).
O Brasil ainda não é de Jesus, e somos, na verdade, uma nação em frangalhos.... 12 milhões de desempregados não têm mais como pagar a luz, a água e o aluguel... Sistema de saúde falido, incapaz de oferecer atendimento digno... a Educação faz vergonha em qualquer ‘ranking’ internacional... A insegurança, a violência e o medo campeiam soltos em nossas cidades... E a morte se tornou banal.
Nestes últimos dias, escancarou-se aquilo que sempre soubemos: a corrupção sistêmica que atacou todo o nosso sistema político. Não existe hoje uma única obra executada neste país que não sofra de vícios na licitação, fraude na construção, e que não repasse percentuais aos agentes públicos, sejam eles senadores, deputados, prefeitos, ou governadores...
Partidos, até então tidos como ‘éticos’ por parte da população, aos poucos está se revelando que não era bem assim... E aqueles conhecidos pela “preocupação social”, parece que os seus principais quadros viviam mais preocupados com o seu “particular”.
A triste realidade é que não existe hoje uma só agremiação política comprometida com a formação de uma nação ética e justa.
O Brasil é do Senhor Jesus? A visão bíblica do reinado do Senhor será marcada pela paz e segurança das crianças e velhos, quando “homens e mulheres de idade avançada sentarão nas praças, e as ruas da cidade ficarão cheias de meninos e meninas, que nelas brincarão” (Zc 8.4-5)... sem medo de serem baleadas ou sequestradas.
Mas não é isso o que estamos vivendo... Parece-se mais com isso: “o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra.... O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios...” (Os 4.1-2).
É fácil desanimar e perder a esperança... mas há um exemplo bíblico de alguém que viveu uma situação de destruição e de ruína em sua nação. Um dia, este homem chamado Neemias, que estava no exílio, foi avisado que o seu povo, a sua cidade, a sua gente, estavam em grande miséria e desprezo; os muros da cidade derrubados, e a suas portas, queimadas. Ele assentou-se, chorou, e lamentou por muitos dias; e confessou:
“...Faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel.... Temos procedido de todo corruptamente contra ti, não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste...” (Ne 1.6-7).
Neemias não se exime de suas responsabilidades, e ele se inclui como parte integrante de seu povo. Orientado por Deus, ele motiva toda uma nação a iniciar, então, uma saga de esforço, de união e trabalho para a reconstrução.
É o que também precisamos fazer. Precisamos hoje de milhares de “Neemias” para essa grande obra. Ele trabalhou com recursos escassos, mas uma grande fé. E Deus o capacitou como engenheiro, pedreiro, chefe de exército, a lidar com a política, com os impostos... Cada um de nós fazendo aquilo que o Senhor mandou o seu povo fazer como professores... médicos... servidores públicos... nos escritórios, no chão de fábrica, nas escolas, nas associações de bairro... nos CONSEGs da cidade...
Jesus ainda não é o Senhor desta nação... Mas é isso o que queremos.
Venha o Teu Reino!
Daniel Rocha Pastor na IM Central em Santo André
