OLHOS BONS OU MAUS!

Nossa língua portuguesa é rica por demais e carregada de metáforas, coloquialismo, figuras de linguagens e muito mais pegadinhas que podem nos ajudar ou nos complicar; visto que palavras não foram feitas para ferir ninguém, mas sim para trazer vida aos que ouvem, recai sobre nós a responsabilidade de buscar cada vez mais um modo de falar inclusivo e abençoador a todos/as.
Em Mateus 6.22-23 encontramos um texto que se interpretado literalmente pode trazer dificuldades e deficientes visuais, vamos ao texto: “Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!”.
Interessante observar que em um primeiro olhar o texto citado parece não possuir conexão com os versos que o cercam ou seja o 21 e 24 mas, tão logo aprofundamos no texto podemos facilmente notar que há uma harmonização perfeita pois, o verso 22 diz que onde está o nosso tesouro ali está nosso coração e o 24 fala que não podemos servir a Deus ou ao dinheiro, é precisamente neste contexto em que se incere a fala de Jesus: se os nossos olhos forem maus ou seja, materialistas apegados as coisas terrenas todo o nosso corpo também estará em mau estado e jamais viverá para Deus e as coisas que compreendem seu reino.
Penso que para fazermos uma hermenêutica, ou seja, uma interpretação correta é precisamente necessário verificar o que o texto Bíblico não quer dizer e posteriormente o passo seguinte: seu real significado e sua aplicação, o texto aqui analisado não quer nem de longe dizer que se uma pessoa possue cegueira ela não está hápita para seguir a Cristo, mas sim que com olhos perfeitos ou cegos apegados as riquezas do mundo o reino do Senhor não está nela. Então como devo usar o texto de Mateus 22-23 em minha comunidade? Com o que ele realmente quer dizer, os apaixonados pelas glórias terrenas não tem olhos bons para o reino de Deus, sem jamais deixar transparecer que uma pessoa com deficiência não é bem vinda ao rebanho missionário do Senhor.
É possível para alguns de nossos leitores/as que o presente seja preciosismo de mais ou como dizemos: fulano está procurando pelos em ovos! Mas verdadeiramente creio não ser o caso e para reforçar o que expus conto uma triste porém importante espeiência que vivi: um garotinho puchando sua vó pelas mãos, ela já andava encurvada pela idade, derrepente ele diz: vó! a senhora não é de Deus? A vó assustada pergunta: porque meu filho? Porque eu aprendi na música do homenzinho torto, que quem é torto não é de Deus e precisa ser indireitado! Depois do ocorrido tomei a decisão de não ensinar mais a referida músiquinha na igreja pois embora seu autor não quisesse que ouvesse tal interpretação o fato é que comunicação não se dá somente pelo que eu falo, mas sim pelo que o outro entende.
Portanto o que se requer de nós despenceiros/as da pura menssagem do Evangelho de Cristo é sensibilidade na linguagem e no coração para deste modo evidenciar sempre a maravilhosa inclusibilidade que é própria do Senhorio de Cristo, humildemente convidamos a todos/as a uma releitura dos textos sagrados sobre o olhar da pessoa com deficiência, louvamos a Deus pois nossa igreja metodista pelo que sabemos foi a primeira a fazer uso da linguagem inclusiva através da revista voz missionária.
Enoque Rodrigo de Oliveira Leite
Pastoral Nacional de Inclusão e Pastor na IM em Itapeva