Quem mexeu na minha aposentadoria?

"Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’.”Lucas 14.28-30
Acerca do afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, ocorrido no último dia 31 de agosto, não pretendo falar se foi golpe, como creem alguns, ou se não foi golpe, como creem outros. Mas uma coisa é FATO: o governo do agora presidente Michel Temer pretende tocar em um assunto que afeta diretamente o seu futuro e/ou de seus filhos/as e netos/as: o INSS!
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é uma autarquia criada em 1990 pela fusão de institutos de previdência da época, sendo o responsável pelo pagamento de aposentadorias, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente e outros benefícios. Possui um regime de repartição simples, ou seja, os trabalhadores de HOJE contribuem para que os aposentados de HOJE recebam seus benefícios. Da mesma forma, quando você se aposentar (se ainda não for aposentado), outros trabalhadores contribuirão para pagar o seu benefício.
A questão é que a expectativa de vida das pessoas tem aumentado ao longo dos anos: de 1900 até hoje, aumentou mais de 40 anos! Enquanto em 1990 a expectativa de vida era de 33,7 anos, hoje supera os 72 no Brasil e os 74 em São Paulo, segundo o IBGE. Isso significa pessoas recebendo aposentadorias por mais tempo de vida.
Além disso, enquanto em 1940 eram cerca de 31 trabalhadores para cada aposentado (segundo informações do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), hoje há apenas 1,4 trabalhador (contribuinte) para cada aposentado, e projeta-se menos de 1 contribuinte para cada aposentado até 2040! Ou seja, se HOJE as contas do INSS não fecham, quanto mais no futuro, em um cenário muito mais desafiador!
Falando acerca destas informações uma vez em um curso de Finanças Pessoais, um senhor já aposentado começou a reclamar bastante do Governo, dizendo que ele faz e sempre fez má gestão do dinheiro público, que com o dinheiro arrecadado daria para pagar muito mais aos aposentados, que era uma vergonha, etc.
Ele tinha razão em diversas de suas colocações, e tomando esse comentário como base, pergunto a você a mesma coisa que perguntei ao demais participantes naquele dia: sabendo que o Governo historicamente não administra bem o dinheiro público, é sábio deixar seu futuro nas mãos desse governo? É prudente permitir que administradores públicos, que historicamente nem sempre tomam as decisões mais favoráveis à população, cuidem de seu sustento no futuro?
Saiba de uma coisa: o governo quer e VAI em algum momento mexer na sua aposentadoria. Pode não ser neste governo, mas próximos precisarão tocar neste ponto sensível da economia.
A “melhor-idade”, a velhice, traz consigo alguns desafios, como um mercado de trabalho com menos opções (para quem deseja ou precisa continuar trabalhando), uma maior necessidade de cuidado com a saúde (o que pode implicar em maior gasto com plano de saúde e medicamentos), dentre outros desafios.
Frente a tudo o que expus acima, o caminho mais prudente é você desde muito cedo já pensar em seu futuro. Quanto antes começar a poupar para este período de sua vida, melhor será sua condição de vida! Usando o texto bíblico citado no início como base, você pode considerar o “construir uma torre” como quaisquer alvos e objetivos que possua na vida, e um deles necessariamente precisa ser o seu sustento no futuro.
Na história de José do Egito, depois que ele interpretou o sonho do Faraó sobre as vacas gordas e magras e sobre as espigas cheias e mirradas, ele deu uma sugestão ao Faraó, o que fez com que o Egito sobrevivesse aos anos de escassez: guardar em celeiros 20% de tudo que o país produzisse durante os anos de fartura, para que sobrevivesse na época em que não houvesse mais “renda” (o que pode ser um paralelo ao nosso período de aposentadoria). Dessa forma, inspirado em José, busque direcionar pelo menos 10% a 20% de sua receita para seu futuro, ao longo de seu período produtivo de trabalho!
Se preferir, você pode considerar isso como uma DESPESA em seu orçamento, e pode colocar o nome dela de “Despesa de Liberdade Financeira”! Não dependa apenas do INSS!
Grande abraço e que Deus nos abençoe!

Ronaldo Bella Sócio da Allux Investimentos Membro na Catedral Metodista de São Paulo