Uma carta que enfatiza a Verdade

“O ancião à senhora eleita e seus filhos, aos quais amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade, por amor da verdade que está em nós e para sempre estará conosco”. - II João 1-2
Muito provavelmente, a segunda epístola de João foi escrita a uma pessoa específica, uma mulher líder de uma igreja em local afastado de Éfeso, onde o apóstolo vivia. A ênfase principal do autor é preparar esse grupo de destinatários para que evitassem a propagação das heresias gnósticas em seu meio.
Apesar de João não ter conhecimento pessoal de todos os membros da comunidade à qual está escrevendo, ele se refere a cristãos genuínos que se apegam a uma cristologia apostólica diante do desafio dos opositores secessionistas à ortodoxia – v. 4.
‘Andar na verdade’ significa ‘viver de acordo com a verdade’, na conduta, comportamento ou estilo de vida, conforme se observa também em I João 1: 6 e III João 3-4. A frase aqui se refere às atitudes e ao comportamento resultados em um indivíduo que tem ‘verdade’ habitada em si.
A expressão ‘muitos enganadores’ refere-se aos opositores secessionistas descritos extensivamente em 1 João 2:18-19; 4:1. O conteúdo da confissão, Jesus como Cristo vindo na carne, é praticamente idêntico a 1 João 4: 2. Os adversários são comparados ao Enganador (Satanás) e ao Anticristo.
O princípio fundamental do Evangelho é ‘amar uns aos outros’ – II João 2:5. Isso significa, dentre outros gestos, perdoar, aceitar, incluir, buscar, acompanhar, compreender, se solidarizar e, essencialmente, ser capaz de abrir mão de si mesmo para abrir espaço à convivência sadia e atenta às necessidades alheias – Mateus 25:33-40.

O que mais ameaça o não cumprimento do maior mandamento é a presença de muitos enganadores que rejeitavam o fato do Cristo, o Messias, ter vindo em carne – II João 7. Trata-se do próprio anticristo quem assim crê e dissemina essa falsidade – I João 4:2.
O significado da expressão ‘não tem Deus’ é para todos que não permanecem no ensino sobre Cristo – v. 9. Mais uma vez para combater a heresia chamada gnosticismo o apóstolo João escreve sobre a encarnação de Jesus, dizendo que Jesus era humano e ao mesmo tempo divino. É da maior importância manter a doutrina da humanidade de Cristo – Colossenses 2:9. Essa é a prova cabal do amor de Deus, ao se limitar ao ponto máximo da angústia humana para provar que é possível viver e ressuscitar dentro da SUA Graça.
João nos ensina sobre a necessidade de um equilíbrio entre princípios fundamentais do caráter divino. Deus é amor (1 João 4:8), e ele também é perfeitamente santo (Isaías 6:3; Apocalipse 4:8). Ele nos chama a imitar tanto a sua santidade (1 Pedro 1:15-16) como seu amor (1 João 4:11).
Para nós, é extremamente difícil manter este equilíbrio. Nossa tendência, como seres humanos, é de enfatizar um lado e negligenciar o outro. Ao longo da história, observamos essas tendências. Houve uma época que muitos pregadores foram conhecidos pelas mensagens fervorosas sobre o castigo e sofrimento no inferno. Hoje em dia, é raro ouvir tais mensagens, mas comum ouvir exortações sobre o amor, a compaixão, a misericórdia e a tolerância.
João mostra que a conduta do cristão não deve ficar de um lado contra o outro, mas que o amor exige a santidade. Quem ama a Cristo rejeita os falsos mestres (anticristos) que contradizem ou vão além da sua doutrina.
Precisamos amar, até amar profundamente as pessoas que vivem em desobediência a Deus, mas jamais devemos abandonar a verdade ou a busca da santificação nas nossas vidas. Imitemos o amor e a santidade daquele que nos deu a verdade, Jesus Cristo, o Filho de Deus!
Luciano Sathler Professor de Escola Dominical Membro na IM Central em Santo André